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Entrevista a Rádio Cultura - 09/09/2014
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Emilio Fontana lança filme sobre a histórica personagem Joana D’arc
'Joana D'Arc 1920 Rouen' será exibido nesta terça no SESC Vila Mariana, seguido de bate-papo com cineasta; ouça no RadioMetrópolis.



O cineasta brasileiro Emilio Fontana lança nesta terça-feira (09), no SESC Vila Mariana, um filme sobre a histórica personagem Joana D’arc.

Intitulado Joana D'Arc 1920 Rouen, o longa se baseia exclusivamente nos diálogos do processo que levou à morte da francesa, com as perguntas dos juízes e as respostas da condenada. Fontana falou ao RadioMetrópolis sobre a obra e sobre o processo de gravação do longa.

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Entrevista com a Rádio Vaticana / Itália - 05/11/13
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Matéria sobre a Première do Filme publicada na Agenda Cultural no Jornal impresso DIÁRIO OFICIAL
página III dia 16.08.2013


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Conversa com EMILIO FONTANA. Material colhido por Oswaldo Mendes dia 22 de Julho de 2013.
Filme Joanadarc1920rouen.com. Parte 1.

ELENCO - Cada um a seu modo dá um banho de interpretação, são todos atores amadurecidos, não precisei ensinar ninguém a interpretar. O texto permitia que cada um soltasse a sua verve, segundo o seu jeito de ser como ator, e eu deixei todos muito livres. Então estou muito satisfeito com o resultado.

CRUELDADE – A principal dificuldade (de se fazer cinema) é você mostrar o seu filme. Com todas as dificuldades, até consegue fazer o filme, mas depois não consegue exibi-lo. Quando muito consegue que ele fique uma semana em cartaz. Então o artista não consegue mostrar o seu trabalho. Fui ver o filme do Galileu Garcia sobre o Lima Barreto na Cinemateca, uma única exibição, e ele estava lamentando que alguns amigos não puderam ir. Quando então eles poderiam ver? Não se sabe. Ele levou cinco anos para fazer um filme e depois teve uma única noite para exibi-lo. É uma crueldade. Você escreve um livro e ele fica na prateleira e a qualquer hora pode ser lido.

UMA LUZ – O Tony de Souza, que foi presidente do Sindicato, me chamou pra gente ir à Livraria Cortez, ali ao lado da PUC na Rua Monte Alegre. Ele disse que tinha feito amizade com o dono da livraria que se dispôs a colocar em suas livrarias uma prateleira onde pudéssemos colocar à venda os DVDs de nossos filmes. Daí marcamos uma reunião e apareceram quatro ou cinco pessoas. Ele marcou uma segunda reunião, três pessoas. Não deu em nada. Mas no meio da conversa o Tony me falou de um livro, “A cauda longa”, que comprei ali mesmo na Livraria Cortez. O livro ficou lá em casa um tempo até o dia em que eu resolvi pegar pra ler, e foi determinante na minha decisão de fazer este meu filme. O livro fala exatamente de distribuição de cinema e, principalmente, de internet. A cauda longa o que é? Você conhece a curva de Gauss, aquele gráfico, à esquerda em uma linha vertical os itens e na linha horizontal o tempo. O blockbuster, o grande sucesso, acontece lá no alto da curva; são sete, oito, dez filmes. Depois seguem os sucessos médios, e a curva dá uma queda. E então os faturamentos caem ainda mais, quase encostando na linha horizontal. Só que acontece um fenômeno, nunca chega a zero. Os faturamentos pequenos persistem ao longo do tempo. Então quando você vê o gráfico há uma curva longa aqui embaixo, a cauda longa. A soma do faturamento da cauda longa é maior do que o blockbuster lá em cima (ao longo do tempo). Não existe item que chegue ao zero, sempre há alguém que procura aquele item. Não existe, portanto, um filme que ninguém viu. Isso foi um choque pra mim. A cauda longa, dentro dela mesma, chega a 87% do total do faturamento. Aquilo mexeu muito comigo. Caramba, vou fazer um filme, mostrar num cinema uma noite não sei pra quem...

SURGE JOANA – Ai aconteceu uma coisa. A gente, como diretor, sempre tem um projeto antigo na gaveta. E os atores também. A Crys Fischer Fontana tinha em mente fazer Joana D’Arc. E eu também porque há uns 30 anos tive acesso ao processo e fiquei bobo de ver que o processo é dialogado, com os nomes dos religiosos que a inquirem e as respostas dela. Eu li aquilo e disse, poxa, isso dá uma peça de teatro. Comecei então um projeto com uma atriz, mas não deu em nada, e os anos passaram. Recentemente pensei, isso também dá um filme. E Crys e eu começamos a conversar até que decidi: Vamos fazer! Mas como? Não sei. Primeiro vou fazer a adaptação do roteiro. O texto era de 1901, uma tradução para o francês do original em latim de 1431. Então me debrucei sobre o processo, longo, quatro meses, 46 juízes... e transformei num roteiro cinematográfico. Acrescentei um prólogo para conceituar a ação e situá-la no tempo e no espaço. E um epílogo, que é a maneira pela qual eu achei que devia encerrar o filme. Agora, o miolo é só de textos do processo, sobre o qual nunca ninguém fez um filme ou uma peça de teatro. O Brecht disse que foi ao processo, pesquisou na biblioteca de não sei onde, o Jean Anouilh fez “O canto da cotovia”, e ainda o Paul Claudel e o Bernard Shaw. E ainda temos os vários filmes, que ressaltam as batalhas, a história da Joana. Aqui não. Aqui é só o processo.

E então eu tinha já o roteiro e a atriz Crys Fischer Fontana para o papel, uma excelente atriz, com recursos fantásticos, e comecei a convidar os amigos para os muitos outros papéis. “Alô, gostaria de participar de uma coisa muito louca? Fazer um filme sobre Joana D’Arc para ser veiculado na internet.” E ai os sim vieram vindo e muitos me perguntam como consegui um cast desse nível. E não só o cast, mas toda a equipe à minha volta. Reuni ao meu lado pessoas do mais alto nível. Finalmente, eu havia pensado para fazer a música, um compositor que sempre me fascinou, o Marcos Viana, pelo seu trabalho com o Jaime Monjardim. Eu não o conhecia pessoalmente, mas com toda essa tigrada nas minhas costas me achei com moral pra ligar pra ele e dizer que estou fazendo um filme assim, com as pessoas assim e gostaria que você fizesse as músicas. E ele topou.

Foi assim que nasceu o filme.